quinta-feira, 12 de março de 2009

Distânte



Num dia aleatório, no meio do sol, vem uma tempestade, entre a correria de todos os dias, na chuva, na pressa... Uma única vez eu cheguei no horário certo, e não estava acontecendo nada (na verdade quem chega na pressa, aparentemente atrasado é quem vem na hora) era uma pausa no tempo, a espera no silencio, parecia que não estava se encaixando no que era pra ser, uma bolha.
Entrei na bolha. A bolha interna que não permite que o vazio seja preenchido se estendeu à bolha externa, onde eu entrei. Não adianta tentar sair, e eu nem queria, a sensação de ser parte bolha e entrar numa semelhante dava certo... Reconforto.
Sentei, devo ter pensado em algumas coisas... Tinha um relógio na parede da frente, parado. Parado. Entre o relógio e mim, o vão do andar de baixo. O vazio, o buraco, a pausa, o tombo, a ironia completa da situação. E todo tipo de pensamento fazia sentido, mesmo a atração pelo vazio. Não que eu quisesse seguir pensando em passar por ele, muito menos pelo relógio parado, só pensei em... Deixar-me levar pelo sentimento de ir, de pular só pela altura e pela atitude, ou pelo nada. Mergulhar no nada, como uma anestesia, ou melhor! Como a sensação de dormência, em que ainda se sente, mas parece que não é possível que a parte dormente tenha consciência do que está sentindo.