"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"Trecho acima de Florbela Espanca
Só pra constar que eu tive uma "verborragia" para tentar dizer em linhas e mais linhas oque me passava pela cabeça, e de repente, me reviro pela cama, olho pro lado, abro um livro e Florbela disse oque eu precisava numa frase. Agora vai o texto olhos a dentro...
Além da tendência natural de evitar situações construídas, me veio a ideia que uma vez aprendi não tentar repetir uma coisa muito boa, porque... nunca é tão bom como já foi, o gosto fica nublado, e pode estragar a recordação...
O cheiro já não é tão doce e depois vê-se que é melhor viver com a boa lembrança até um tanto platônica a querer repetir e não ter como fugir da frustração.
Gosto da sensação de água na boca, e dormencia no rosto... moleza nos braços, pela ideia que se faz de algo normalmente até potencializada pela lembrança distante que se mistura com algumas fantasias e não se sabe mais onde começa ou termina a realidade, costuma ser melhor do que o fato em si. E o destino? O que faz enquanto isso?
Devemos evitar, e nos tornar tudo oque evitamos? Ou... Nos deixar levar pelo vento?
Sempre gostei mais do vento. O vento com qualquer tipo de paixão, dessas no sentido de dor...
[paixão = pathos = patético - por paixão]
Paixão que seja ódio, amor... agonia... energia dessas que se compartilhe, que transcenda. Uma comunhão de espírito...
O corpo já não me é o suficiente, é raso demais, é superficial...É fato que o corpo precisa da paixão, mas tem que ser invadido com mais energia que frequência...
Preciso de alma, sintonia de espírito... Olhar, respiração... Confusão de corpo, onde já não se sabe onde acaba uma parte e começa outra, porque se forma um todo e o mundo não existe. Que me jogue para outra dimensão.
Onde não haja depois! Não haja mundo nem matéria.
[Borboletas no estômago]
É melhor engarrafar tudo e guardar, para continuar evitando o que há de vir? Ou deixar garrafa transbordar e me deixo dar de cara com o muro?
O medo é o descontrole psicológico. Cons-tan-te.
Apesar de muito contido... Como todos os meus sentimentos. Sempre muito bem lacrados.
E faz falta um funil para engarrafar tudo como de costume, sem deixar cair nada para fora. Eu guardei uns pequenos pedaços de mim e deixei ficar mofando num canto escuro qualquer, até que agora, anos depois eu... me permiti parar para pensar a respeito do passado, e ele voltou a tona.
A vida continua sendo irônica. Enquanto o passado estava intacto, completamente engavetado, engarrafado, ignorado completamente por vontade minha, era sempre invisível no meio do meu caminho... E quando eu me deixei ir com o vento, assistindo o passado passar pela janela, vi que haviam mexido nas lembranças, me libertei dele guardado em mim. E...?
Ele apareceu. Entre os musgos...
E agora, me sinto mais livre de alma do que sempre, pois não tive que controlar os sentimentos. Simplesmente ele já não é o suficiente. Nunca foi.
Preciso de uma bússola. Um caminho? Uma trilha? Um balão?
Mas não, sentimentos abafados, e...
Uma xícara de café por favor!